Foram cinco dias de uma profunda imersão no Vale do Silício, organizada pela gurizada espetacular da StartSe.
O programa do qual participei se chama Learning Experience. Eu e mais 99 brasileiros apaixonados por empreendedorismo fomos submetidos a uma verdadeira lavagem cerebral. Não daquelas que nos suprime a capacidade de pensar; ao contrário: uma experiência que transforma completamente a nossa forma de ver o mundo.
Em uma das palestras, fomos questionados qual era nosso grau de cultura digital, numa escala que ia de 1 a 10. Eu não tive vergonha de assumir: estou entre 4 e 5, no máximo. Nasci numa época em que o mundo ainda era analógico e vi minha mãe, jornalista, redigir suas matérias numa máquina de escrever e mandar via fax para serem publicadas.
Na minha profissão, me tornei especialista em Trade Marketing e minha formação foi no varejo físico, real, com todas as vantagens de desvantagens desse formato. Confesso que na hora de comprar coisas na internet, quem assume o comando é minha esposa.
Mas nada disso me desencorajou de encarar essa imersão com pessoas muito mais conectadas e informadas que eu. Para minha surpresa, foi uma libertação. De tanto dar aulas e palestras, acabamos desaprendendo a beleza que é estar no outro lado, sentado ouvindo pessoas que sabem MUITO MAIS que nós. E como isso nos torna melhores!
De coração e mente abertos, me entreguei ao novo, sendo conduzido na direção do desconhecido pelos mestres da StartSe, os incríveis Felipe Lamounier, Maurício Benvenutti, e Cristiano Kruel, junto com seu time altamente dedicado.
O que vi, ouvi e aprendi mudou para sempre minha vida.
Uma coisa é você ler artigos, revistas e livros sobre a revolução digital. Podemos até achar que sabemos de alguma coisa; mas a verdade é que até você respirar o ar do Vale do Silício, tudo não passa de uma bela teoria. Em suma, você não sabe nada até ir lá e ver de perto o espírito daquela cidade e das pessoas que estão construindo o futuro da humanidade.
Quando eu tinha vinte anos, visitei o berço do Renascimento, local que mudou pra sempre o mundo: Firenze. Lá, homens como Leonardo da Vinci e Michelangelo estavam desafiando o status quo e criando uma nova forma de ver o papel do homem na natureza.
Posso dizer aos meus filhos e, se um dia Deus permitir, aos meus netos, que eu estive na Firenze do século 21, o local onde os homens estão construindo um novo mundo.
Os desafios são gigantescos. Como alimentar 10 bilhões de seres humanos até 2030? Como garantir que o crescimento populacional não destrua os recursos naturais? Como criar espaçonaves capazes de viajar até Marte levando humanos para colonizar o planeta? Como resolver o problema de mobilidade urbana em meio ao caos das grandes cidades? Como tornar a medicina mais humana, mais democrática, com menos efeitos colaterais? Como garantir que a inteligência artificial não venha a tirar do homem o status de ser dominante do planeta? Como fazer com que a realidade virtual não se torne tão sedutora ao ponto de desconectar as pessoas da vida real?
Em São Francisco, em especial no Vale do Silício, são questões grandiosas como essas que movem o espírito dos empreendedores. Lá, se você tem uma ideia louca o bastante para mudar o mundo, vai encontrar muitas pessoas interessadas em financiá-la.
Você só não pode ter medo de errar. O erro e o fracasso, aliás, são muito mais admirados do que o sucesso.
Ninguém no Vale do Silício está preocupado com a roupa que você veste, o carro em que você anda, a sua conta bancária ou onde você pretende passar suas férias. São questões muito pequenas para pessoas que estão pensando no futuro da humanidade. Lá, o que importa é com o que você sonha, como você acredita que vai realizar esse sonho e de que forma esse sonho vai impactar um bilhão de pessoas.
Você pode estar pensando que voltei de lá desiludido com tantos problemas que enfrentamos no Brasil, e que parecem só aumentar. Muito pelo contrário. O que trouxe de lá foi uma mala cheia de inspiração, de energia transformadora, de espírito de compaixão.
Sim, eu posso também fazer a diferença.
Vale do Silício, nos vemos em breve.