“Potencializar nossas cadeias de distribuição, gerando excelência no PDV, direcionado por nossos pilares estratégicos: distribuição e exibição.” – Missão do Trade na Cadbury Adams
“Focar nossa força no PDV, garantindo que os produtos J&J estejam disponíveis aos consumidores, no preço certo, no cliente e na gôndola certa, com o mix adequado e merchandising superior ao dos nossos concorrentes.” – Missão do Trade na Johnson & Johnson
O setor pode ser melhor compreendido como uma área responsável pela definição, implementação e gestão das estratégias das marcas e dos produtos em todos os canais de vendas e distribuição da empresa, seja ela uma prestadora de serviços, uma fabricante, atacadista, distribuidora ou mesmo varejista.
Trade cuida da presença da marca no ambiente on e off-line.
Agora que estamos alinhados quanto ao papel do setor nas empresas, podemos falar sobre as competências dos profissionais de Trade.
Algumas delas podem ser entendidas também como habilidades ou conhecimentos, mas não deixam de ter grande relevância. Vamos lá:
Ter visão holística significa compreender o contexto e as inter-relações entre as partes de uma engrenagem. É uma competência que exige mais do lado direito do cérebro, que diferentemente do esquerdo (racional e lógico), é intuitivo e emocional. O profissional de Trade deve compreender as inter-relações entre os departamentos de Marketing, vendas, finanças, logística e TI se desejar ter sucesso na implementação de seus planos. Não adianta querer ser um especialista nessas áreas, ou mesmo ser “apenas” um especialista em Trade – ter visão holística é conseguir enxergar o todo e se relacionar com ele.
Como irá lidar com diferentes departamentos, os profissionais de Trade devem desenvolver sua empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar do outro. Isso permitirá que ele obtenha dos diferentes perfis de profissionais com os quais ele irá interagir o engajamento necessário para a adesão aos seus objetivos. Essa competência também está relacionada a outro desafio que o profissional de Trade irá enfrentar: vencer grandes barreiras culturais, em especial quando se relacionar com o setor de vendas da empresa. Inclusive escrevi um artigo sobre isso.
Juntamente com a empatia, surge outra competência pra lá de necessária: saber se comunicar. Esta competência é fundamental, pois de nada adianta o profissional de Trade ter as melhores ideias se não conseguir engajar os outros. Para engajar uma pessoa, é preciso antes de tudo compreender seu ponto de vista, para assim se comunicar de forma eficiente. Tocar o coração (a dimensão emocional da mente) das pessoas é a base da comunicação eficiente.
Em 2002, quando iniciei minha trajetória em Trade Marketing, pouco se falava em e-commerce e revolução digital. Nos últimos 3 anos, só se ouve falar disso. Mas parece que para alguns profissionais de Trade, o PDV ainda é apenas o “varejo físico”. Essa visão está bastante incompleta: é preciso considerar o papel do varejo digital na jornada de compras do Shopper, utilizando a tecnologia para agregar valor ao longo do processo. Além disso, novas tecnologias como realidade aumentada, internet das coisas (IoT), impressão 3D e muitas outras vão mudar o panorama do varejo muito em breve. Você precisa estar preparado para essa revolução.
Em minhas palestras e aulas, sempre digo: “os profissionais de Trade deveriam estudar psicologia, comportamento humano”. De tanto estudar esse tema, escrevi um livro sobre comportamento de compra. Tenho cada dia mais convicção: entender de gente vai ser o grande diferencial na era digital. Quanto mais tecnologia houver, mas precisaremos nos aproximar das pessoas se desejarmos oferecer a elas uma justificativa que as mantenha no varejo tradicional – repleto de experiências sensoriais.
Talvez essa seja a parte mais dolorosa da profissão de Trade Marketing: é preciso viajar, e muito. O Brasil é um país continental, e cada região possui características muito específicas. Será necessário ao profissional de Trade visitar permanentemente clientes, ministrar treinamentos, transmitir informações ao longo da cadeia. Então, prepare-se: você vai viajar muito e é bom que goste disso.
Quanto mais sucesso obtemos, maior são as chances de deixar a vaidade nos cegar. No início, o profissional de Trade deverá naturalmente ser humilde, pois na maior parte das empresas ele surgirá com muito pouco poder – terá que contar com a ajuda de muitas pessoas para ver suas ideias saírem do papel. Mas o tempo vai passar, e em breve o setor será reconhecido, e esse profissional ganhará poder. Se achar que sabe de tudo, que o Trade é a “área mais importante da empresa” e não souber valorizar o trabalho dos seus pares (em especial Marketing e vendas), é bem provável que se feche numa ilha. Nesse momento, começam as guerras entre os departamentos e se perde o propósito maior que move uma empresa: um sonho compartilhado.
Bom, espero ter ajudado com essas dicas. Em meus mais de 15 anos atuando para empresas de diferentes portes e segmentos, percebi claramente essas competências nos profissionais de Trade que mudaram suas empresas.
Sou grato por tudo que eles me ensinaram.
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